Outros Traços de História...


A atenção logo se desvia para as robustas traves em madeira de riga provenientes do mar Báltico, misteriosamente pontilhadas a negro alcatrão. Cuidadosamente alinhadas pelo chão como que convidam a subir até à elegante mezanine que harmoniosamente encima o amplo espaço, unificando languidamente a robustez granítica da parede mestra e a fragilidade complexa da parede em tabique, quase como se na sua idealização arquitetónica, Manuela Andrade tivesse querido intencionalmente personificar a união amorosa entre dois amantes.

Ao cimo da escadaria, o elegante biombo de arcos neogóticos - outrora cobertos dos tons profundos e austeros associados à atividade mercantil - surpreendem pelo seu semblante alvo, gracioso e moderno, num quase apelo à imaginação de mentes esvoaçantes para misteriosas histórias de odaliscas em jogo de sedução. 

Neste varandim, cada recanto conta uma história merecedora de apreciação numa presença perene de inspiração na diáspora portuguesa, ou não fossem muitas das obras literárias colocadas à disposição para leitura sobre esta temática. 

Os artefactos, as obras de arte, as peças decorativas, o mobiliário e os tecidos aqui criteriosamente harmonizados com joias, produtos gastronómicos e pequenos objetos de design de autor, transportam-nos numa viagem enaltecedora dos sentidos quase como se o simples olhar, o simples toque, aroma ou sabor nos transportasse para uma versão rebuscada da vivacidade colorida dos tempos idos do comércio marítimo com o Brasil, África, a Índia ou a China.

Visitar a Panamar é embarcar numa viagem no tempo e na alma da diáspora portuguesa dos tempos idos e dos tempos modernos onde o lema do Infante D. Henrique "o talento de bem saber fazer" e do dar a conhecer "novos mundo ao mundo" tem reflexo, não somente em cada peça e em cada recanto, como na envolvente deste belíssimo edifício localizado no centro histórico da cidade, a escassos metros do Rio Douro e mesmo em frente ao Palácio da Bolsa, à Igreja de S. Francisco e ao Mercado Ferreira Borges.

É contudo, a estátua do grande expansionista dos Descobrimentos Portugueses, Infante D. Henrique - o Navegador que melhor se vislumbra do interior da Panamar e que, por esta via, se imerge no ADN desta concept store num entrelaçado de emoções assentes num Porto sentido e vivido na sua mais profunda essência.

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